segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

União de Almas (capítulo 10)

As lembranças da concepção de Brian chegaram à Valentine como uma estranha visão. Demorou a entender o que se passava. Quando voltou a si, ainda atordoada tentou caminhar cambaleante pelo sótão. Precisava abrir a pequena janela para o ar entrar. Sentia-se sufocada, havia gasto muita energia. Apoiou uma mão no batente e com a outra forçou a janela que abriu fazendo um imenso barulho, uma brisa suave e reconfortante entrou no ambiente, deu uma boa inspirada e quando olhou para o céu seus olhos brilharam no reflexo da lua.

Valentine voltou ao baú para fechá-lo, estava cansada. Eram muitas informações de uma só vez. Caminhava lentamente em direção a ele quando notou que ao fundo do aposento a lua refletia num material brilhante e oval que estava meio coberto por um grosso tecido púrpura. Com aquela curiosidade que só os gatos têm, Valentine foi direto na direção da luz. Primeiro, parou diante da “coisa” e ficou olhando por alguns segundos. Não sabia se realmente queria ver o que estava em baixo do tecido. Parecia um espelho, mas como tudo em sua vida estava uma loucura e nada era o que parecia ser...

Ela ainda estava na indecisão quando ouviu uma voz em sua cabeça: "vamos Valentine, não tenha medo. No fim só você poderá decidir.” A garota olhou ao redor, não havia ninguém, a voz parecia ser a de sua avó.

-Só me faltava essa agora... - sussurrou para si enquanto um calafrio lhe percorria o corpo.
Tomou coragem e puxou o pano de uma só vez, a poeira turvou-lhe a visão e a fez tossir e espirrar diversas vezes enquanto abanava o ar na tentativa inútil de afastar a nuvem empoeirada que se formou. Passados alguns minutos, tudo voltou ao normal e pôde observar melhor o espelho, que era oval e prateado. Ao seu redor, diversas inscrições e desenhos o adornavam com delicadeza. O espanto tomou conta de seu olhar. “Não pode ser!” Os adornos eram idênticos ao seu espelho perdido durante o misterioso ritual. A única diferença era que esse lhe parecia um pouco maior, um pouco mais pesado, talvez.


Apesar da poeira que quase a sufocou o espelho estava intacto, limpinho mais ainda não conseguia ver direito sua imagem refletida nele, estava num ponto muito escuro da sala, olhou ao redor e então para o teto, bem ali, acima de sua cabeça havia uma portinhola, dela descia uma corrente reluzente com uma lua prateada na ponta. Valentine puxou a corrente e então a portinha se abriu deixando que toda a claridade da lua penetrasse naquela parte do sótão. Um sorriso triunfante brotou em seus lábios.

Olhou para o espelho, via-se tão clarinha mal conseguia ver seu rosto.

Tentou ajeitá-lo para ver se melhorava, mas nada aconteceu, então sentiu algo estranho em seu corpo, uma energia forte e familiar, agia por instinto agora, apoiou as duas mãos no espelho e seu reflexo do outro lado fez o mesmo, a imagem começava a ficar mais nítida, então para seu espanto percebeu que o reflexo não era ela, não como ela era no momento.

-Valentine... – disse a garota no espelho.

-Sofia? – Valentine pronunciou o nome como se a conhecesse e isso lhe causou um arrepio como choque elétrico.

- Finalmente nos encontramos novamente.

- Não sei quem é você. – Valentine não tinha tanta certeza assim.

- Claro que sabe sua boba, eu sou você. – Sofia riu com delicadeza

- Se você sou eu porque estamos conversando como duas pessoas diferentes?

- Porque eu, na verdade, nós, nos separamos há muito tempo, foi um feitiço que lancei para que Aquele que anda nas Trevas não pudesse me sentir até que eu estivesse pronta para derrotá-lo, foi Cassiana quem me ajudou, e quando falo de mim, falo também de você.

-Estou confusa...

-Eu sei, mas assim que nos fundirmos todas as lembranças e toda a verdade virá à tona e você não se sentirá mais assim.

“Fundirmos-nos? Ela disse nos fundirmos?” Valentine não tinha tanta certeza de que isso seria uma boa idéia.

-Ah! Valentine,Eu sei o que pensa, é o que penso, portanto sei tudo o que se passa por sua cabeça, e também sabia que não seria fácil, afinal, fora você, parte de mim, ter reencarnado, tem ainda todas as coisas e pessoas que estiveram ao teu redor e influenciaram em tua jornada até aqui. Mas me responda, por acaso não sente um vazio aí dentro?

-Bem... - Valentine sussurrou.

- Pois bem este vazio sou eu, ou melhor, a falta do eu. E não temos tempo a perder, precisamos fundir agora.

- Mas eu deixarei de ser eu?

- Não, porque o que você é eu também sou, mas sou a tua parte essência, a confiança de teus poderes.

- Vamos logo com isso então... – Valentine fechou os olhos ainda com as mãos apoiadas no espelho.

Uma energia azul extraordinariamente clara iluminou todo o sótão. Brian chegou no exato momento, pousou no parapeito da janela e voltou a sua forma humana conseguindo ainda ver de boca aberta quando Sofia era absorvida pelo corpo de Valentine e as duas se tornaram uma. Nesse ponto a luz aumentou muito e ele teve que proteger os olhos, depois tudo se apagou.
A luz da lua ainda iluminava Valentine que continuava em pé de frente para o espelho, imóvel, Brian a chamou, mas ela não respondeu então ele se aproximou com cautela, quando estava a poucos passos dela percebeu uma mecha negra nos cabelos de Valentine.


- Valentine... –ele a chamou baixinho e colocou as mãos sob seus ombros virando-a para ele.
Valentine olhou-o no fundo dos olhos, aqueles profundos olhos azuis, Brian sentiu-se invadido por uma força muito forte, era como se ela estivesse buscando no fundo dele todos os seus segredos, e ele conhecia muito bem aquele olhar, agora ele sabia por que sempre que pensava em Sofia, Valentine vinha à sua cabeça.


Um misto de felicidade e confusão invadiu o peito de Valentine, ainda atordoada com a enxurrada de informações que continuava recebendo de todas aquelas existências agarrou-se ao pescoço de Brian e o beijou profundamente.

Seus lábios se tocaram levemente, Brian apertou Valentine em seus braços e então o beijo sofreu ligeira pressão, ela beijava seus lábios alternando entre o rosto e pescoço.
- Senti tanto a sua falta... – ele disse num tom profundo e sentido.


Ela parou de beijá-lo e acariciou seu rosto suavemente.
- Também senti Brian, embora não tivesse percebido ainda o quanto.
Voltou a beijá-lo, as mãos dele deslizavam suavemente pelas costas dela, eles se deitaram sob um amontoado de almofadas antigas que estavam num canto, Valentine por baixo e ele por cima, beijava seu rosto enquanto suas mãos desabotoavam a blusa de cetim que ela usava.


Valentine estremeceu ao sentir o toque frio das mãos de Brian em seus seios, uma onda de calor percorreu todo o seu corpo enquanto a boca aveludada beijava-lhe o pescoço e descia suavemente até os seios, com a outra mão ele acariciava as coxas de Valentine e então delicadamente puxou o short que ela usava e o jogou de lado, Brian sugava os seios dela como se fossem favos de mel. Desceu beijando seu ventre e dando leves mordidas.

Valentine o segurava pelos cabelos, sentia um forte desejo possuindo seu corpo, ele tirou a roupa e voltou a beijar sua boca, levantou levemente uma das pernas de Valentine e a penetrou suavemente, ela soltou um gemido longo e prazeroso, os corpos estavam unidos tão intensamente que era difícil de dizer onde começava um e terminava o outro, ele movimentava-se incessantemente penetrando-a mais e mais fundo, ela apertou as pernas ao redor da cintura dele, suas unhas arranhavam a pele das costas de Brian deixando visíveis marcas, estavam quase chegando ao clímax, ele encostou os lábios no ouvido dela e sussurrou:

-Eu te amo...